Exclusivo: Os irlandeses da WElink pretendem rentabilizar a central algarvia Solara4, com 220 MW, inaugurada em 2021, com mais energia solar e a construção de duas centrais eólicas (em fases distintas), assim como baterias, para armazenar energia. O objetivo é ter tudo pronto até 2030, passando então a ter quase 500 MW, e fechar acordos PPA.
A maior central solar em Portugal já esteve perto de ser vendida, mas agora a WElink quer rentabilizar ao máximo o projeto localizado em Alcoutim, distrito de Faro.
O promotor irlandês prepara um investimento milionário para aumentar a capacidade solar, criar duas centrais eólicas e uma solu ção de armazenamento com bate rias. A ideia de hibridizar prende- -se com a ambição de ter a Sola- ra4 a produzir eletricidade 24 horas por dia, rentabilizando ao máxi mo o ponto de ligação com 200 megawatts (MW).

Esta central não conta com tari fas garantidas e vende toda a sua eletricidade no mercado. “Estamos a procurar potenciar ao máximo o ponto de ligação com projetos de hibridização. Ainda há mais espaço para optimizar o projeto com sobreequipamento de solar. E estamos a estudar o recurso do vento já há mais de um ano”, disse ao JE Hugo Paz, dire tor de projetos para a Ibéria da WElink.
Sobre o projeto eólico, o respon sável disse a empresa está a ini ciar o processo para a Avaliação de Impacte Ambiental (AIA). “São aproximadamente 25 máquinas, pode rondar os 150 MW”. Em ter mos de energia solar, a companhia tem um projeto abaixo dos 50 MW.
“Vamos tentar duplicar a potên cia instalada temos 220 MW vamos chegar aos 400 MW e qualquer coisa”, afirmou, fazendo contas somente à primeira fase. Se for incluída a segunda central eólica, a potência vai passar a rondar os 500 MW.
Mas o projeto não fica por aqui. “Estamos a prover neste momen to um projeto de 80 megas de armazenamento com quatro horas de capacidade”. A empresa está interessada em participar no lei lão de armazenagem já anuncia do pelo Governo.
Mais à frente, também está na calha outro projeto eólico. “O segun Meio: Imprensa País: Portugal Área: 1263,55cm² Âmbito: Economia, Negócios. Period.: Semanal Pág: 14-15 do parque eólico é mais peque no, com uma localização pró xima, mas que pretende dar a con tinuidade” ao primeiro projeto. “Estamos a falar aproximadamen te de 13 a 15 máquinas. Podemos estar a falar entre 80 a 90 megas, dependendo da máquina que vamos selecionar”.
Para a primeira fase, a WElink prevê um “investimento aproxi madamente de uns 200 milhões para o eólico e uns 35-40 milhões para o solar. Portanto, são 230-250 milhões”, explicou na conversa com o JE. Para o projeto do arma zenamento. a companhia irlande sa prevê investir “70 milhões de euros”. E para a segunda fase eóli ca, está previsto um investimen to de “100 milhões de euros”.
Tudo somado, a companhia prevê investir entre 400-420 milhões de euros na nova vida da central conhecida inicialmente por Solara4 e batizada depois com o nome de Ricardo Totta. Quan do tudo estiver concluído, a com panhia pretende fechar um a dois PPA (acordo de compra e venda de energia) com empresas.
“O objetivo é ter tudo pronto até 2030 para poder oferecer um tera watt de energia limpa ao sistema”, ambiciona Hugo Paz.
Questionado se a WElínk está vendedora do projeto, falhado o negócio com os alemães da Allianz (que compraram outra central da empresa, a Ourika (50 MW), em Ourique, Beja), o gestor rejeita. “Não. Pretendemos continuar a operar o projeto da melhor manei ra possível, otimizar alguns pon tos que inicialmente não foram bem concebidos e estamos a con seguir. queremos implementar todo este projeto”.
Simplex não ajudou
A experiência da companhia com o regime Simplex não foi o melhor. Inicialmente, pensou que iria ajudar, mas o tiro saiu pela culatra.
“Quando saiu o Simplex, tive mos um pequeno revés. Ten támos enquadrar os nossos pro jetos nessa lei, mas foi uma perda de tempo. Apesar de a lei tentar ser o mais clara possível, está sem pre aberta a diferentes interpre tações, que foi o que aconteceu entre os nossos consultores, a DGEG e a APA. Isto foi um revés para o sobreequipamento solar”, afirmou Hugo Paz.
“Também tentámos englobar o projeto eólico no Simplex, com 19 máquinas, em áreas não-sen- síveis, áreas não-RAN [Reserva Agrícola Nacional], cumpria todos os pressupostos para obter a ace leração no processo de licencia mento, com uma isenção no pro cesso de AIA, mas a decisão da DGEG não foi neste sentido”, acres centou.
“Ao tentarmos levar os pro jetos no Simplex peidemos tempo, porque agora temos de voltar atrás e começar de novo. São estas as maiores dificuldades que estamos a ter. Para nós, o Simplex não foi uma ajuda. Espero que haja escla recimentos para que não aconte ça a mesma coisa a outros promo tores. Mais uma vez, somos um dos primeiros a tentar desenvol ver este tipo de projetos. E esta mos a enfrentar dificuldades”, segundo Hugo Paz.
“Vamos voltar a submeter o pri meiro projeto de sobreequipamen to, pretendemos que esteja pre parado para começar a construir até ao final deste ano. Lembramos que a DGEG tem. salvo erro, 45 dias para responder a este tipo de casos, se não for acompanhado por este tipo de resposta, vai ser completamente impossível, o que cria uma incerteza por parte dos investidores a olhar se Portugal é ou não o melhor destino para continuar a investir. Há muita pressão interna, muita competição. Onde é que devemos alocar os nossos capitais próprios: Por tugal? Itália? Espanha? Outro país? Portugal tem de tomar atenção a isso para não perder estas oportunidades”, disse.
“Relativamente ao eólico, inicia remos o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) já neste mês de julho. A lei diz 150 dias, provavelmente mais 30 dias para pedir os novos pedidos de elementos adicionais: 180 dias. Estamos a con siderar no nosso planeamento aproximadamente 250 dias já com alguma margem. Não podemos ser muito optimistas, não pode mos ser muito pessimistas”, des tacou.
Questionado sobre a queda nos preços grossistas verificada na reta inicial do ano, Hugo Paz diz que é uma “preocupação controlada. Criou-se aqui um cenário perfeito para que, em alguns momentos, os preços fossem continuamente a zero nas horas de captura solar Para quem está no mercado, é uma situação difícil. Neste momento, estamos no mercado, não estamos a beneficiar de nenhum PPA Mas pensamos que são situações pontuais. Vão voltar a ocorrer, temos de nos preca ver para este tipo de situações. Para continuar a atrair investimento para Portugal tem de se pensar num mercado diferente da energia. Portanto, um mercado que prevê um valor mínimo para a produção renovável que é igual ao valor da produção do sistema mais barato fóssil que houver mais o custo das emissões. Isso seria uma solução, o que daria a confiança aos investidores que não estão a pôr o investimento de graça e com um risco muito grande, porque ninguém sabe o que pode acontecer”, defendeu.
Sobre a alteração da lei 15/22, espera que “confirme a possibili dade de aceder aos 20% de capa cidade adicional que no momen to atual só está previsto para quem faça reequipamento, originalmen te pensado para projetos antigos de eólico. Se se concretizar, acres centaria valor aos projetos, que seriam mais fáceis de financiar”, concluiu Hugo Paz.
Translation in English:
Largest Solar Plant in Portugal Plans €400 Million Investment to Become Hybrid
Jornal Económico (O), 26/07/2024
Exclusive: The Irish company WElink intends to maximize the profitability of the Solara4 plant in Algarve, with 220 MW, inaugurated in 2021, by adding more solar energy and constructing two wind farms (in different phases), as well as batteries to store energy. The goal is to have everything ready by 2030, reaching nearly 500 MW, and to secure Power Purchase Agreements (PPAs).
The largest solar plant in Portugal was close to being sold, but now WElink aims to optimize the Alcoutim project in the Faro district to its fullest.
The Irish developer is preparing a substantial investment to increase solar capacity, create two wind farms, and implement a battery storage solution. The hybridization aims to have Solara4 producing electricity 24 hours a day, maximizing the 200 MW connection point.

This plant does not benefit from guaranteed tariffs and sells all its electricity on the market.
“We are looking to maximize the connection point with hybridization projects. There is still room to optimize the project with solar over-equipment. We have been studying the wind resource for over a year,” said Hugo Paz, project director for Iberia at WElink, to Jornal Económico.
Regarding the wind project, the company is initiating the Environmental Impact Assessment (EIA) process. “There are approximately 25 machines, potentially around 150 MW.” In terms of solar energy, the company has a project under 50 MW. “We will try to double the installed capacity; we have 220 MW, we will reach 400 MW and more,” he said, referring to the first phase alone. Including the second wind farm, the capacity will reach around 500 MW.
But the project does not end there. “We are currently providing an 80 MW storage project with four hours of capacity.” The company is interested in participating in the storage auction announced by the government.
Later on, another wind project is also in the pipeline. “The second wind farm is smaller, located nearby, and aims to continue the first project. We are talking about approximately 13 to 15 machines, between 80 to 90 MW, depending on the selected machine.”
For the first phase, WElink anticipates an investment of around €200 million for wind and €35-40 million for solar. Therefore, it’s €230-250 million,” explained Hugo Paz. For the storage project, the company plans to invest “€70 million.” For the second wind phase, an investment of “€100 million” is projected.
In total, the company plans to invest between €400-420 million in the new phase of the plant initially known as Solara4 and later renamed Ricardo Totta. Once everything is completed, the company intends to secure one or two PPAs with companies.
“The goal is to have everything ready by 2030 to offer a terawatt of clean energy to the system,” Hugo Paz aspires.
When asked if WElink is looking to sell the project, following the failed deal with the German company Allianz (which bought another WElink plant, Ourika (50 MW), in Ourique, Beja), the manager denied. “No. We intend to continue operating the project optimally, improving some initially flawed aspects. We want to implement this entire project.”
Simplex Challenges
WElink’s experience with the Simplex regime was not positive. Initially, they thought it would help, but it backfired.
“When Simplex was released, we faced a setback. We tried to fit our projects into this law, but it was a waste of time. Despite the law’s clarity, it was open to various interpretations, causing issues with our consultants, DGEG, and APA. This was a setback for solar over-equipment,” said Hugo Paz.
“We also tried to include the wind project in Simplex, with 19 machines in non-sensitive areas, non-National Agricultural Reserve (RAN) areas, meeting all criteria for accelerated licensing, with an EIA exemption, but DGEG’s decision did not go this way,” he added.
“Trying to take the projects through Simplex cost us time. Now we have to start over. These are our main challenges. Simplex was not helpful for us. I hope there are clarifications to prevent this for other developers. Once again, we are among the first to develop such projects and are facing difficulties,” according to Hugo Paz.
“We will resubmit the first over-equipment project, aiming to start construction by the end of this year. DGEG has, if I am not mistaken, 45 days to respond to these cases. Without this response, it will be impossible, creating investor uncertainty about whether Portugal is the best destination for investment. There is significant internal pressure and competition. Where should we allocate our capital: Portugal? Italy? Spain? Another country? Portugal must pay attention to not lose these opportunities,” he said.
“Regarding wind, we will begin the EIA this July. The law allows 150 days, probably 30 more days for additional requests: 180 days. We are planning approximately 250 days with some margin. We cannot be too optimistic or too pessimistic,” he noted.
Addressing the drop in wholesale prices earlier this year, Hugo Paz says it is a “controlled concern. A perfect scenario was created where prices were continuously zero during solar capture hours. For market participants, this is challenging. Currently, we are in the market without benefiting from any PPA. We believe these are isolated situations. They will recur, and we must be prepared. To attract investment to Portugal, we need a different energy market. A market with a minimum production value equal to the cheapest fossil system plus emission costs would provide investor confidence, ensuring their investments are not at high risk,” he argued.
Regarding the amendment of law 15/22, he hopes it “confirms the possibility of accessing the additional 20% capacity currently only for re-equipment, initially intended for old wind projects. If realized, it would add value to projects, making them easier to finance,” Hugo Paz concluded.
The Irish company aims to increase solar capacity and create two wind farms, reaching nearly 500 MW. The storage goal is 80 MW. Combined, the investment in the Algarve plant reaches €400 million.
André Cabrita-Mendes